- Athaliba, enquanto os recém-casados Hissam, 65 anos; e a mulher, Kauane, 16 anos, gozam os prazeres da lua-de-mel, o enlace matrimonial deles ainda dá pano prá manga. O caso no qual o casal é protagonista foi cognominado de Papa-anjo de Araucária, em rodas de escólios maliciosos, nos quatro cantos do país. Ele exerce o 2º mandato de prefeito de Araucária, no Panará. Ela cursa o Ensino Médio em uma escola cívico-militar, naquela cidade, onde, ano passado, conquistou o título de 2ª princesa no concurso Miss Araucária, na categoria teen (adolescente), destinada a meninas com idade entre 15 e 17 anos.

- Afinal, qual o rebu que envolve o casamento da adolescente com o ancião, Marineth?

- Athaliba, o matrimônio de Hissam Hussein Dehaini com Kauane Rode Camargo é legal. Está de dentro das assintas das leis dos homens, dos parâmetros da santa madre igreja católica, apostólica, romana e atende os desígnios de Deus. Embora a observação fique centrada, visível na diferença de idade entre ele e ela, são os penduricalhos obscuros relacionados à união que alimentam as chamas da fogueira da perseguição ao casal. A mídia em geral explorou o caso.

- Marineth, quais os contrabandos que têm causado turbulência à vida do casal?

- O buchicho maior, Athaliba, refere-se à nomeação de Marilene Rode, 36 anos - mãe de Kauane, sogra do prefeito -, ao cargo de secretária de Cultura e Turismo de Araucária, dois dias antes do casamento. Marilene - ela já tinha função comissionada na prefeitura, assim como a irmã dela, Elizangela Rode -, na verdade, foi promovida por Hissam. Ele casou com Kauane quatro dias após a jovem completar 16 anos, idade legal para formalizar a união. O registro do matrimônio foi no cartório do qual a vice-prefeita Hilda Lukalski Seima é titular. Tudo em casa.

- Qual a função que a Marilene desempenhava antes de ser promovida, Marineth?

- Athaliba, ela era diretora-geral da Secretaria de Educação, com salário de R$ 13.917,38, conforme o Portal da Transparência. O vencimento da nova função, de acordo com a publicação no Diário Oficial - 13 de abril, dois dias antes do casamento de Kauane -, é de R$ 21.416,00. No entanto, consequência de repercussão negativa, o prefeito exonerou a sogra, 13 dias depois de nomeá-la titular da Cultura e Educação. A irmã dela, Elizangela, também foi defenestrada.

- Marineth, contrabando misturado à relação conjugal não dá química, né?

- O trem é tão doido, Athaliba, que uma leitora fez o seguinte comentário no pé da notícia publicada em jornal sobre o caso em Curitiba: “Escândalo, vergonha, porque é uma venda da filha adolescente, por dinheiro e posição social. Repugnante, tanto a conduta do prefeito descarado, quanto da mãe mercenária e a da própria jovem, levada por cobiça e ambição. Não há dinheiro no mundo que compre dignidade e a vida cobra por sua própria essência violentada”.

- Marineth, o que foi feito de Marilene, mãe de Kauane, a sogra do prefeito?

- Sem maiores detalhes, Athaliba, porta-voz da prefeitura omitiu o novo órgão e a função que ela desempenhará. Marilene teve o 1º cargo comissionado em 9/8 de 2021, como assessora de secretário municipal. Dias depois, em 17/8 de 2021, Hissam a promoveu como sua assessora executiva. E, cinco meses depois, janeiro de 2022, o prefeito a conduziu ao cargo diretora-geral da Secretaria de Educação. Como se vê, gostava dela, mas com olho de peixe morto na filha!

- Que outros contrabandos Hissam tem no balaio que pesa nas costas dele, Marineth?

- Athaliba, salários da parentada dele na prefeitura somam R$ 97 mil mensais. Ele recebe R$17.940,27. São seis os parentes, entre os quais duas filhas, uma nora e uma ex-esposa. O Ministério Público do Panará investiga o caso. Paulistano, empresário de hotelaria e postos de combustíveis, Hissam foi casado seis vezes e tem 16 filhos. Declarou patrimônio de R$14 milhões à Justiça Eleitoral. Foi arrolado na CPI do Narcotráfico e chegou a ser preso, em 2000. Negou ter laboratório de refino de cocaína, proteger traficantes e pagar propina à polícia por proteção.

- Marineth, como diz Vinicius de Moraes, finalizando o Soneto de Fidelidade: “Eu possa me dizer do amor (que tive)/Que não seja imortal, posto que é chama/Mas que seja infinito enquanto dure”. Há 160 anos, em 1863, também aos 16 anos de idade, Francisca Edwiges Neves Gonzaga, nossa Chiquinha Gonzaga, casou, por injunção do pai. O marido, Jacinto Ribeiro do Amaral não era chegado ao piano dela. Conclusão, ela meteu o pé e foi viver com João Batista de Carvalho. E perpetuou “Ó abre alas/Que eu quero passar/Eu sou da lira, não posso negar”, em marcha de Carnaval. Será que isso pode levar Kauane a bater asas do Papa-anjo de Araucária?