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Procurador mineiro que reclamou do salário de 24 mil ganha 10,7 vezes mais que a média do brasileiro

sede do mpmg
Procurador do MPMG reclamou do baixo salário em reunião interna do órgão
(Foto: Reprodução/Google Maps)

Uma pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), revelou que o rendimento líquido do procurador de Justiça Leonardo Azeredo dos Santos, que ficou famoso nesta semana após reclamar do salário de “apenas” R$ 24 mil, é mais de dez vezes o rendimento médio do brasileiro.

De acordo com a pesquisa, a média de rendimentos no país entre maio e julho foi de R$ 2.210. Para alcançar o salário líquido do procurador é necessário multiplicar esse valor por 10,7. 

As informações foram coletadas por meio da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio Mensal, que considera pessoas com 14 ou mais anos e que trabalham. 

Entenda o caso

O procurador Leonardo Azeredo dos Santos ficou famoso na última semana após reclamar durante uma reunião interna do órgão, dos “baixos salários” recebidos pelos membros do MP. Durante a 5ª sessão extraordinária da Câmara de Procuradores, realizada no dia 12 de agosto, que discutia o Orçamento do órgão para o próximo ano, Leonardo pediu que o Procurador-Geral de Justiça utilizasse sua "criatividade" para melhorar a situação financeira da categoria.

"Dentro da administração, não há nenhuma perspectiva, nenhum sonho da administração de incrementar qualquer tipo de vantagem que aumente a nossa remuneração? Ou plantão, ou qualquer coisa que aumente a remuneração?" 

Em aproximadamente cinco minutos o procurador reclama dos rendimentos e afirma que será necessário baixar seu padrão de vida bruscamente.

“Como é que o cara vai viver com R$ 24 mil? O que é que nós vamos fazer para melhorar a nossa remuneração? Ou nós vamos ficar quietos? Eu não sei se eu vou receber a mais, se vai ter algum recálculo dos atrasados que vai salvar a minha pele. Eu, de qualquer modo já estou baixando meu padrão de vida bruscamente."

O procurador também diz que acumulou patrimônio ao longo de 28 anos de carreira e que precisa mantê-lo. Ele cita os gastos de condomínio e IPTU, que dão R$ 4,5 mil mensais. "Eu, infelizmente, não tenho origem humilde. Eu não sou acostumado com tanta limitação. Talvez seja até mal visto", diz.

Durante sua fala o procurador cita uma negociação do Governo de Minas Gerais com a União que pode impactar no congelamento de salários dos servidores públicos no ano que vem e questiona se os membros do MP continuarão “nesse miserê”. 

"Eu quero saber se nós vamos continuar, ano que vem, nessa situação, ou se vossa Excelência já planeja alguma coisa, dentro da sua criatividade para melhorar nossa situação. Ou se nós vamos ficar nesse miserê aí. E ainda sob ameaça de não termos aumento. De o Supremo aumentar nosso salário e nós não podermos receber. Quem é que vai querer ser promotor? Nós não vamos ter aumento mais. Porque o Estado vai dizer que nós não vamos ter aumento. Quem vai querer ser promotor? Para que concurso? Não vai ter mais concurso nenhum".

O Regime de Recuperação Fiscal, que a gestão do governador Romeu Zema (Novo) pretende aprovar também impactaria o MPMG, que ficaria impossibilitado de receber aumento durante os próximos anos.

Em sua fala o procurador afirma estar fazendo sua parte para economizar e viver com os R$ 24 mil de salário e diz ainda estar vivendo a base de antidepresivos.

"Estou deixando de gastar R$ 20 mil de cartão de crédito e estou gastando R$ 8 (mil) pra poder viver com meus R$ 24 mil. Agora, eu e vários outros estamos vivendo a base de cromprimidos, de antidepressivo (...) Vamos virar pedinte, quase? Alguém vai chegar: que exagero o seu. Você não sabe o que é pedinte. Mas será que estou pedindo muito para um cargo que eu ocupo? Será que estou pedindo muito? Será que o meu cargo não merece uma remuneração que eu possa pagar o colégio dos meus filhos, por exemplo? Eu só tenho um, mas e quem tem três? Vai viver com R$ 20 e poucos mil reais?"
 

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