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Vale é \'joia brasileira\' e não pode ser condenada, diz CEO da empresa

Segundo o presidente da companhia, que define episódio como \'acidente\', ainda não se sabe quais foram as causas da tragédia

Fabio Schvartsman, durante fala na Câmara (Foto: Fátima Meira/Futura Press)
Fabio Schvartsman, durante fala na Câmara (Foto: Fátima Meira/Futura Press)

O presidente da Vale, Fábio Schvartsman, disse nesta quinta-feira (14), que a companhia de mineração é uma "joia brasileira" que não pode ser condenada pelo que aconteceu na barragem do Córrego do Feijão, em Brumadinho (MG), e deixou 166 mortos e 155 desaparecidos. O executivo reconheceu que o sistema de monitoramento de barragens da companhia tem falhas e disse que todo o processo será revisado com base nas melhores normas internacionais.

"A Vale é uma das melhores empresas que eu conheci da minha vida. É uma joia brasileira, que não pode ser condenada por um acidente que aconteceu em sua barragem, por maior que tenha sido a tragédia", disse, ao participar de audiência pública na na Comissão Externa de Brumadinho, na Câmara dos Deputados.
 
Ao admitir que o monitoramento da barragem não funcionou, Schvartsman disse: “A Vale reconhece, humildemente, que seja lá o que vinha fazendo, não funcionou, já que uma barragem caiu”.
 
Ainda segundo Schvartsman, até agora a mineradora, que trata o rompimento como "acidente", não sabe o que causou a tragédia. “Passadas essas semanas desde o acidente, nós continuamos sem saber os motivos que o causaram. Todas as informações que nós possuíamos, que nos eram enviadas pelos técnicos da Vale, demostravam que não havia qualquer perigo iminente sobre aquela barragem. Consequentemente, não havia nenhuma razão de alarme ou de preocupação maior da gestão da companhia. Se nós tivéssemos tido qualquer sinal relevante nessa direção, teríamos agido em conformidade”, disse.
 
O executivo disse que a companhia solicitou, por meio do governo brasileiro, contato com o órgão americano que licencia todas as barragens nos Estados Unidos - The United States Army Corps of Engineers (USACE). O objetivo é que eles façam uma revisão em todos os processos da Vale, envolvendo barragens. O presidente da Vale acredita que os norte-americanos podem colaborar no aperfeiçoamento do Código de Mineração brasileiro, introduzindo novas restrições e novas regras para o funcionamento de barragens. “A Vale não pode e não quer ter problemas com barragens, isso é inaceitável”, afirmou.
 
Causas
 
Apesar de ter dito que ainda não sabe as causas do rompimento da barragem, Fábio Schvartsman enfatizou que essa questão se sustenta em laudos de estabilidade que, segundo ele, são a “pedra fundamental” de todo o sistema de mineração dentro e fora do Brasil. “É impossível de outra maneira gerir um sistema que mundialmente tem dezenas e milhares de barragens pelo mundo. Gente altamente especializada dizendo se essa barragem corre ou não perigo iminente. É óbvio que se algum desses especialistas achar que alguma barragem corre risco iminente, não dará um laudo de estabilidade”, ressaltou.
 
Monitoramento
 
Sobre como poderia garantir que outras barragens não correm risco de ter o mesmo problema de Brumadinho, Schvartsman disse que a companhia mudou a forma de acompanhamento dessas estruturas. “Nós tornamos o monitoramento de todas as estruturas para 24 horas por dia. Nós estamos fazendo o monitoramento integral de todas elas, com a intenção de ter capacidade de reação a qualquer mudança de situação”, garantiu.
 
O presidente da Vale lembrou que na semana passada cerca de 500 pessoas tiveram que deixar suas casas em Barão de Cocais (MG) após um aviso de ruptura da barragem Sul Superior da Mina Congo Soco, da Vale. Sirenes alertaram a população para evacuar a área, em plano de emergência acionado pela Agência Nacional de Mineração (ANM).
 
O rompimento da barragem da Mina Córrego de Feijão, em Brumadinho (MG), deixou até agora 166 mortos e 155 desaparecidos.

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