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Empresário que matou Daniel usava moto de traficante, carro de policial e chip de homem executado

Edison Brittes Júnior confessou o assassinato do jogador e disse ter agido "sob forte emoção" (Foto: Reprodução/TV Globo)
Edison Brittes Júnior confessou o assassinato do jogador e disse ter agido "sob forte emoção" (Foto: Reprodução/TV Globo)

O assassinato do jogador Daniel Correa Freitas, ex-Cruzeiro, no dia 27 de outubro, pode ser determinante para que se descubra uma série de outras atividades criminosas nas quais estaria envolvido o empresário Edison Brittes Júnior. É o que acredita o promotor Milton Salles, do Ministério Público do Paraná. 

"Tudo começou com este homicídio cometido com muita crueldade. E quando fomos apurar o que estava em torno do indiciado pelo crime, verificamos que tudo em torno dele tem uma origem muito estranha, tudo é cercado de circunstâncias fora do normal", relata. 
 
Uma destas circunstâncias é o fato de o chip que o empresário utilizava em seu celular estar em nome do dono de uma oficina vizinha à casa de dele, local de adulteração de placas de veículos. Este homem foi assassinado em 2016 com tiros de fuzil, "típico de uma execução de crime organizado", comenta o promotor. O empresário, inclusive, responde a dois processos por receptação de veículos roubados, conforme lembra Salles. 
 
"Agora, como este chip foi parar no celular do Edison? Refazer o caminho que esse chip tomou desde que saiu do bolso do homem executado é uma boa linha de investigação para se apurar aquele homicídio", diz. 
 
Além disso, a moto utilizada pelo empresário tinha placa pertencente a uma pessoa condenada por tráfico de drogas. "Não é um simples traficante, é um condenado que tem penas acima dos 30 anos, é outro patamar. Ninguém usa a moto de um cara destes no dia a dia, quem tem moto, principalmente de alto luxo, sabe o carinho e o cuidado que se tem com isso", comenta. 
 
Outro indício é que o carro utilizado para levar o jogador Daniel para o matagal onde ele foi esfaqueado, está formalmente em nome de uma empresa vinculada a um policial que responde a processos por assassinato, extorsão mediante sequestro e organização criminosa.  
 
"Não sei por qual circunstância, mas a pessoa do Edison estava fora do radar dos órgãos de estado. A partir desta conduta, deste homicídio do jogador Daniel, é que se tomou o fio da meada para investigar estes outros indícios", explica ainda o promotor. 
 
O MP já encaminhou ofício à Polícia Civil do Paraná para que estes indícios sejam investigados. A corporação informou que vai abrir um novo inquérito contra o empresário.
 
Salles lembra que os demais possíveis crimes serão investigados à parte do inquérito que já investiga as circunstâncias da morte do jogador.  
 
"Serão investigados separadamente. O que pode eventualmente somar no crime de homicídio, é comprovar uma conduta social negativa que demonstre o porquê desta reação desproporcional e extremamente violenta de Brittes contra a vítima", conclui.   

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