Coluna

Da virada com projeto

Guimarães Rosa, eminente diplomata e escritor, disse que Minas são várias. E nesta semana assistimos a pelo menos dois Brasis diferentes. Acabamos de fechar com chave de ouro a organização dos Jogos Olímpicos no Rio de Janeiro. Espetáculo que enche o coração e confirma a nossa capacidade de fazermos  um evento que o mundo inteiro admira. E, na semana seguinte, assistimos nas mesma telas de televisão a um outro espetáculo que é o debate no Senado federal sobre o impeachment da presidente afastada Dilma Rousseff.

Precisa de comentário sobre como se apresentam os nossos desportistas, os organizadores da Olimpíadas, os milhares de pessoas que participaram do evento e o espetáculo no Senado? Não e não! O próprio presidente da casa disse que parecia um hospício, degradando os nossos cidadãos com problemas mentais ao nível dos políticos que temos. E que nos elegemos. Nós lhes demos o mandato popular,do qual tanto se orgulham, para falar e dizer barbaridades e ter comportamentos que nos assustam e que nada têma ver com cada um de nós.

Mas o show não terminou! Os debates na TV nas campanhas municipais não são muito diferentes. As mesmas pessoas de anos a fio na política se apresentam com frases vazias, palavras ocas, promessas que não tem nenhuma, repito nenhuma possibilidade de serem realizadas. Os problemas como desemprego, educação, saúde e outros mil continuam sendo debatidos com frases  tão desgastadas que dá vontade de rirse não fosse trágico.

Nessecenário, nenhum candidato a prefeito, e não ha exceção que confirme a regra, apresentou um projeto de desenvolvimento econômico para omunicípio. Se temos desempregados, como vamos gerar empregos? Mas, temos plano diretor. Plano diretor é urbanismo  e faz parte doplano econômico. Uma coisa é uma coisa, e outra coisa é outra coisa. Vamos incentivar empreendedorismo. Frase mais desgastada e sem resultado prático  porque isso já esta acontecendo há dezenas de anos e não é suficiente. E sem plano econômico não tem nem aumento de emprego e nem de renda (outra frase preferida dos candidatos).

E aí vema pergunta: se os políticos não têm, qual entidade  empresarial ou dos  trabalhadores exigiu dos políticos que o fizessem? Todo mundo só tem sugestões que são mais as reivindicações do que sugestões. Aliás, alguém esta sugerindo reforma fiscal no nível do município?

Se o eleitor e suas organizações sociais não exigirem uma nova atitude e compromisso, o espetáculo do Senado será visto ainda pelos nossos bisnetos, a quem estamos deixando uma herança maldita dos nossos tempos: um modelo político que, com seus atores, está  enterrando o nosso país .

Stefan Salej

Consultor internacional

Ex  Presidente do SEBRAE  e da FIEMG Federação das Industrias de Minas Gerais

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